Quando falamos de bem-estar devemos ir muito além da questão estética, a nossa saúde precisa ser cuidada com muita atenção e a prevenção é a palavra-chave.
Vamos aproveitar este mês do Outubro Rosa para juntas aprendermos mais sobre o câncer de mama que por muitos anos teve sua conscientização cercada por mitos e tabus, fazendo com que milhares de mulheres se silenciassem por insegurança, falta de apoio ou pela falta de informações necessárias.
Mostraremos que além do mês este é um movimento constante em que nós do Beleza Natural queremos proporcionar acolhimento e compreensão quanto ao nosso poder de escolha e superação! Conversamos com a médica especialista em Ginecologia e Mastologia, Cecília Oliveira Pereira sobre os cuidados clínicos e do dia a dia que você precisa manter, além da percepção de que a doença vai muito além de condições genéticas. Preparadas?
O QUE É CÂNCER DE MAMA?
É uma doença causada pela multiplicação desordenada das células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam formando o que chamamos de tumor
Vale ressaltar que existem vários tipos de câncer mamário, por isso alguns se desenvolvem rapidamente, outros não, isso depende das características próprias de cada tumor. A maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticados e tratados no início.
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer) o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
“O Outubro Rosa é um movimento internacional que existe há quase 30 anos, e tem como objetivo promover a conscientização da doença, seu diagnóstico precoce e a prevenção. O câncer de mama ainda é cercado de mitos sobre seu rastreamento e tratamento” , destaca a médica, Cecilia Oliveira Pereira.
FATORES DE RISCO
De acordo com a cartilha “Câncer de mama: Vamos falar sobre isso? ” disponibilizada pelo INCA existem questões comportamentais, hormonais e genéticas que devem ser atentadas. Porém, vale ressaltar que a presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher terá, necessariamente, a doença e que apenas 5 a 10 % dos casos da doença estão relacionados a fatores genéticos!
Comportamentais/ambientais:
- Obesidade e sobrepeso após a menopausa.
- Sedentarismo (não fazer exercícios).
- Consumo de bebida alcoólica.
- Exposição frequente a radiações ionizantes (raios X, mamografia e tomografia).
História reprodutiva/hormonais:
- Primeira menstruação (menarca) antes dos 12 anos.
- Não ter tido filhos.
- Primeira gravidez após os 30 anos.
- Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos.
- Ter feito uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional) por tempo prolongado.
- Ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se por mais de cinco anos.
Hereditários/genéticos: (História familiar de)
- Câncer de ovário.
- Câncer de mama em homens.
- Câncer de mama em mãe, irmã ou filha, principalmente antes dos 50 anos.
- A mulher que possui alterações genéticas herdadas na família, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2, tem risco elevado de câncer de mama.
Na cartilha, o INCA também mostra que é possível reduzir o risco de câncer de mama através do cuidado periódico com o peso corporal e consumo alimentício, a pratica de atividade física, ao evitar o consumo de bebidas alcoólica, fumo e principalmente através do acompanhamento médico. A amamentação também é considerada um fator protetor.
“O acompanhamento médico visa a realização de um exame físico para sinalizar possíveis achados de alerta e identificar alguns fatores de risco ocasionados pelo estilo de vida da paciente, que muitas vezes acha que o histórico familiar é sempre o ponto mais importante para o aparecimento da doença. Além de conscientizar sobre a mamografia, que é o único exame eficaz na redução da mortalidade contra o câncer de mama.
Como médica, sempre conto sobre minhas experiências no consultório, e como a visão retrospectiva é difícil, como muitas pacientes gostariam de voltar no tempo e poderem fazer seus exames da maneira correta. A ajuda médica e a realização de exames complementares faz muita diferença no desfecho do câncer de mama, pois nos permite o diagnóstico precoce e o aumento das chances de cura”, comenta a ginecologista.
SINAIS E SINTOMAS
Existem também os primeiros sintomas alertados pelo INCA, Nem sempre eles são tão expressivos mana, já que podem variar de mulher para mulher.
Por falar nisso, esses sinais e sintomas devem sempre ser investigados por um médico ginecologista e mastologista, para avaliar se há risco deste tipo de câncer ou não. Afinal, nem todo caroço é um tumor e nem todo o tumor é considerado maligno. Vamos vê-los a seguir.
- Caroço (nódulo) endurecido, fixo e geralmente indolor. É a principal manifestação da doença, estando presente em mais de 90% dos casos.
- Alterações no bico do peito (mamilo).
- Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.
- Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço.
- Saída espontânea de líquido de um dos mamilos.
“O diagnóstico precoce é aquele que realizamos em lesões subclínicas, ou seja, onde nem a médica nem as pacientes são capazes de perceber no exame físico. Fazer o diagnóstico em fases tão iniciais, aumenta a chance de cura com tratamento.
No nosso país é preconizado o rastreamento padronizado, ou seja, todas as mulheres de risco habitual devem começar a mamografia de forma anual a partir dos 40 anos (Conforme a Sociedade Brasileira de Mastologia). Apesar de conhecermos casos em que a ultrassonografia e ressonância possam ter sido estratégias importantes, do ponto de vista global, a mamografia é o único exame eficaz na redução da mortalidade do câncer de mama. A mamografia é capaz de diagnosticar o câncer em pacientes com lesões tão pequenas que são impalpáveis ”, afirma a especialista.
SOBRE A MAMOGRAFIA
Nada mais é do que uma radiografia das mamas. Feita por um equipamento de raio-X – parecido com aquele que a gente usa para ver os ossos quando criança, lembra? – chamado mamógrafo, pode ser feito para identificar o câncer na fase inicial. O Ministério da saúde recomenda que mulheres a partir dos 40 anos realizem a mamografia anualmente, isso porque antes dessa idade, as mamas são mais densas e com menos gordura, o que pode limitar o exame e gerar muitos resultados incorretos.
AUTOEXAME INICIAL
Outro fato abordado por uma matéria do G1 em parceria com o próprio INCA é o estimulo das mulheres, independentemente da idade, a conhecerem seu próprio corpo e praticarem o autoexame para reconhecerem melhor o que é normal e anormal em suas mamas.
“Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer mostra que, na maioria dos casos (66,2%), é a própria mulher ou o companheiro que percebem os primeiros sinais da doença. Com o toque, é possível sentir nódulos a partir de 1 centímetro de comprimento. Em um terço desses casos, as mulheres descobriram o câncer ainda em estágio inicial (33%)”, Aponta o G1.
Vale lembrar que o autoexame não substitui um exame especializado de um médico hein! Deixamos aqui um passo a passo de como realiza-lo.
PASSO 1:
Fique em frente ao espelho e observe os dois seios, primeiramente com os braços para baixo.
PASSO 2:
Coloque suas mãos atrás da cabeça e observe o tamanho, posição e forma do mamilo.
PASSO 3:
Coloque as mãos atrás da cintura fazendo força e observe se há alguma anormalidade na forma das mamas.
PASSO 4:
Levante o braço colocando a mão atrás da cabeça e a outra no mesmo seio do braço levantada.
PASSO 5:
Cuidadosamente faça movimentos circulares, de cima para baixo e em seguida pressione-os delicadamente e veja se há saída de secreção.
“Os tratamentos estão em constante evolução, pois cada vez mais temos conhecimento que o termo “câncer” é muito genérico diante de uma doença
tão heterogênea. Hoje temos quimioterapia, radioterapia, cirurgia, hormonioterapia, terapia alvo, imunoterapia e cuidados paliativos… dificilmente uma paciente irá fazer apenas um tipo de tratamento”, explica a Dra Cecilia Oliveira Pereira.
AVANÇO DAS METODOLOGIAS
Atualmente, importantes avanços na abordagem do câncer de mama aconteceram no Brasil visando facilitar o nosso acesso a saúde pública. O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece todos os exames, medicamentos e cirurgias. Caso o atendimento a paciente seja negado ela pode procurar um advogado ou a defensoria pública.
Segundo o INCA tanto o governo quanto os profissionais públicos buscam acolher as mulheres através de ações e programas. Um exemplo é o Mamógrafo móvel que atua em parceria com o governo do estado do Rio de Janeiro e o programa Saúde da Mulher e circula pela cidade maravilhosa disponibilizando exames de mamografia e ultrassonografia gratuitos.
Outro ponto crucial durante o tratamento também é a compreensão individual da saúde psicológica de cada paciente. No estado de São Paulo, em março de 2022, foi aprovado por unanimidade o Projeto de Lei nº 166/2021 que garante acompanhamento psicológico nos hospitais públicos para pacientes com câncer de mama.
Outra lei atuante no Brasil é a dos 60 dias, ou lei nº 12/732 que determina que o tratamento deve ser iniciado em até 60 dias após o diagnóstico.
“Os desafios são muito individuais, desde questões financeiras por afastamento de suas atividades de trabalho, até os efeitos colaterais das medicações, como náuseas, queda de cabelo e prostração, dificuldade na identidade corporal após cirurgia, dúvidas sobre a vida sexual e fértil, falta de apoio pelo parceiro (a), e o medo do retorno da doença e da impossibilidade de cura. A interação entre as pacientes em diferentes fases do tratamento é uma grande aliada para o entendimento do que pode ser esperado em cada passo. Além disso, a terapia e a participação de outras pessoas próximas podem trazer aconchego durante cada fase.
Permitir o acesso das mulheres a mamografia é a principal medida para de fato combatermos o câncer de mama, além disso, trazermos para o debate a importância dos nossos hábitos de vida – físicos, mentais, alimentares etc. – faz com que possamos ser participativos quanto a reduzir o risco da doença”, explica a especialista.
TOP 5 CONSELHOS GINECOLÓGICOS E MAMÁRIOS PARA MULHERES EM DIFERENTES IDADES!
Agora que estamos bem informadas, não sai daí que também temos mais dicas da médica Cecilia que são abrangentes para todas as idades!
1- Façam mamografia anualmente a partir de 40 anos;
2- Diminuam consumo de industrializados, especialmente embutidos como presunto, salsichas e mortadela;
3- Mantenham consultas médicas de rotina;
4- Pratiquem atividade física regular;
5- Busquem informação especializada de fontes confiáveis.
Por falar em informação especializada; Sabia que a Dra Cecilia tem um insta onde ela fala sobre cuidados íntimos sem tabus! Segue lá @dra.ceciliapereira
A MENSAGEM MAIS IMPORTANTE QUE TRANSMITIMOS ÀS MULHERES NESTE OUTUBRO ROSA
Neste Outubro Rosa o Beleza Natural quer exaltar cada uma de vocês e lembrar o quão especiais são. A vida é uma jornada incrível, e a força que vocês demonstram diariamente é admirável.
Lembrem-se de cuidar de si mesmas e da sua saúde. O câncer de mama é uma batalha que podemos enfrentar!
Vamos usar este mês para nos educar, compartilhar histórias e fortalecer os laços que nos unem como mulheres. Juntas, somos invencíveis!
“O câncer de mama é uma condição que envolve diversos fatores, onde a carga genética não é a principal causa do aparecimento do tumor. A vigilância dos nossos hábitos e a realização dos exames corretos e constantes, são a chave para a mudança da história da doença ”, finaliza a médica.