Você lembra da sensação ao se encontrar no seu cabelo crespo pela primeira vez? De usá-lo exatamente como gostaria?
Embora muuuitas pessoas acreditem que cabelo representa somente algo estético, quando paramos para entender as raízes da comunidade crespa e ouvir sua trajetória com atenção, enxergamos algo maior.
Isso porque ao longo dos anos milhares de mulheres construíram suas histórias lutando contra um mundo preconceituoso e cheio de padrões estéticos, que excluía tudo que era diferente. Diante disso, fizemos da diferença o nosso super-poder. Somos únicas sim, ao mesmo tempo que somos muitas!
O Beleza Natural traz o manifesto #MinhaBelezaCrespa com o propósito de exaltar sua cultura, para que outras mulheres também alcancem sua liberdade de expressão e poder, sem limitações.
Essa matéria ainda conta com surpresas! Com a dupla de rainhas @bealopesoficial e @crespacomamoor vamos mergulhar de cabeça neste universo. Preparadas?
ORIGEM DOS CRESPOS
Entrando no túnel do tempo, vamos para a terra de origem dos crespíssimos, a África.
Quebrando aquele tabu de que: “Cabelo é só estética”. Dizemos que os fios crespos, na verdade, nasceram de uma necessidade de adaptação climática lá nos tempos primórdios.
Segundo uma pesquisa cientifica da revista Galileu, da Editora Globo, foi descoberto que quanto mais fechadinha for a curvatura – isso é, incluindo os 4abc que possuem um espaçamento menor, formando o efeito z das mechas – maior é a proteção contra o calor do sol.
Graças a uma camada de proteção bem pequena que nasce entre a cabeça e o ambiente, há a possibilidade de uma melhor refrigeração do couro cabeludo.
Agora, como os crespos se espalharam pelo mundo de forma tão diferente? Bom, graças a miscigenação – isso é, mistura de etnias.
Algumas características podem ser herdadas tanto pela genética da mãe ou do pai. Nisso, até hoje são originadas novas texturas e pluralidades de crespos.
“Nas minhas redes socais e no meu dia a dia eu tento sempre mostrar que o cabelo crespo é bonito da forma que é e que existem vários tipos, se a pessoa quer mudar não tem problema pois ela tem que se sentir bem.” – Afirmou Alessandra Carlos (crespacomamoor).
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HISTÓRIA E EMPODERAMENTO
Os fios crespos, fizeram e ainda fazem história. Considerando que eles são de origens africanas, as conquistas afro tem os cabelos como um principal símbolo contra a violência, racismo e opressão. Os movimentos políticos, sociais e culturais do passado defenderam os direitos que são aplicados hoje, especialmente na comunidade negra. Veremos a seguir.
DÉCADA DE 60
Nos anos 60, os movimentos nos Estados Unidos começam a ganhar força devido à resistência contra as Leis Jim Crow que levaram a segregação e discriminação racial, impedindo que negros frequentassem certos locais como lojas, restaurantes e até mesmo hospitais.
Além do gesto do punho para cima, o cabelo crespo também protagonizou as iniciativas do partido político Panteras Negras, que pregava a implementação dos direitos para a comunidade afro-americana.
O partido fazia parte do movimento dos direitos civis que contou com grandes nomes da história como Rosa Parks – que negou ceder seu lugar no ônibus para um branco. – e Martin Luther King Jr – que sempre defendeu a luta através de protestos pacíficos e discursos marcantes.
Juntos, todos lutavam para quebrar o preconceito “enraizado” e conquistar direitos humanos como: terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz.
As mulheres negras usaram seus black powers – ou crespos poderosos, termo que também surgiu na época. – Para ir as ruas protestar do jeito que realmente se sentiam confortáveis. O período impactou globalmente o dia a dia de outras mulheres, que começaram a se libertar dos padrões de beleza branca e explorar as infinitas possibilidades que o seu próprio cabelo oferecia.
“Minha jornada começou com essas lembranças aqui:
Minha mãe cuidando do meu cabelo com todo cuidado e carinho. Dali eu fui percebendo que cabelo é algo importante… Muito mais do que algo apenas estético como pensam.
Com o tempo, através das vivências, fui entendendo que meu cabelo não era bonito… Que por muitas vezes causavam constrangimento nas pessoas ao redor. “Prende esse cabelo menina… Está todo pro alto”.
Cada detalhe capilar que vivi em minha vida até os 17 anos foram baseados na forma com que eu lidava com meu cabelo.
A minha adolescência inteira foi uma luta constante para me encaixar nos padrões que me falaram ser os ideias.
Bom, e como isso se conecta com a história cultural da aceitação desses cabelos?
Depois que passei pela transição capilar e transição interna também, percebi que não estava só… Muitas outras pessoas também passaram e tiveram a mesma história de vida que eu. Ver e sentir que eu não estava sozinha e que eu estava construindo algo onde outras pessoas também estavam vivendo… Foi uma sensação de: RESPIRO.
Como a cultura também passa pelos sentimentos. A transição capilar de sentimentos é cultural.” – Contou Beatriz Lopes, (bealopesoficial).
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“A minha motivação foi quando entendi que não precisava seguir um padrão pra ser feliz, eu vim de uma infância que cabelo bonito era somente os lisos.
Depois de grande eu tive a oportunidade de aprender um pouco mais sobre cabelo e entendi que meu cabelo também era bonito, só faltava um pouco mais de cuidado e de informações. Graças a Deus hoje temos acesso a essas informações, por isso que todos os dias uma nova pessoa aceita seu cabelo da forma que é.” – Disse, Alessandra Carlos.
MARCHA DO ORGULHO CRESPO
Falando de eventos mais atuais e brasileiros, a Marcha do Orgulho Crespo foi criada em 2015 e aconteceu pela primeira vez na Avenida Paulista em São Paulo.
Entre tantas mulheres com cortes, estilos e cores de cabelos diferentes, todas se acolheram por entre as ruas. Levantando os punhos, exibindo cartazes e cantando sorridentes para reafirmar o compromisso em valorizar a cultura negra.
A passeata foi um sucesso, contando com muitas atividades culturais afro-brasileiras como, músicas de autoria negra, rodas de capoeira e baile charme.
O fruto desta mobilização foi colhido ao longo dos anos, muitas outras edições aconteceram, mais e mais mulheres participaram, alcançando demais locais do país, como Curitiba.
Uma destas conquistas foi o Dia do Orgulho Crespo, comemorado no dia 26 de Julho desde 2018 por meio da Lei 16.682, criada em parceria com a Deputada Leci Brandão.
Conquistamos respeito aos poucos, mas ainda estamos longe de terminar. É necessário que a inclusão aconteça não só no quesito social, mas também em outros contextos, como o midiático.
REPRESENTATIVIDADE NA MÍDIA
Demorou muito para encontrarmos atores, atrizes, super-heróis e princesas negras nas telas e notícias. Apesar de tantas conquistas, ainda existem ruídos nessas comunicações, especialmente pelas curvaturas 4abc não serem de fato compreendidas pelos temidos padrões de beleza.
PADRÕES DE BELEZA
Sabe aquela frase: “Você não é igual a todo mundo”? No caso dos padrões é completamente o contrário.
A semelhança a maioria é exatamente o que pregam as normas estéticas. O corpo do indivíduo deve ser visivelmente agradável de acordo com processos culturais de cada localidade, limitando outras formas de ser.
Quando falamos de cabelos crespos, o processo se dividiu em duas etapas.
Na primeira, como mostramos anteriormente, os traços eram deixados de lado pela da sociedade. Não existiam cuidados, explicações, serviços e muito menos produtos para estes fios, por isso a maioria das mulheres acabava se submetendo a tratamentos como o alisamento total ou usando produtos que não possuíam ativos específicos para os fios, como linhas para cabelos lisos e produtos que nem mesmo eram feitos para cabelo.
A verdade é que durante este processo, muitas mulheres estavam começando a compreender seus cabelos. Como cada um possui necessidades únicas, como montar um cronograma capilar e até mesmo o tipo de curvatura. Era um mundo novo e continua sendo para quem quer abraçar suas origens.
“O nosso cabelo diz tanto sobre a gente… Através dele você sabe tantas coisas sobre o outro.
Quando ando na rua e observo as pessoas… Através do cabelo eu sei quando a pessoa está feliz, triste, está com a rotina corrida, está calma, está criativa… até se está apaixonada.
Através do cabelo nós falamos tanta coisa…
Quando eu terminei a transição… lembro que eu fiz minha primeira finalização completa e sai na rua… me sentia a mulher mais especial do mundo. Meu cabelo ali transmitia confiança porque eu estava confiante!
Então imagina a cabeça das crianças e jovens que assiste uma mulher passando na rua confiante da escolha capilar que fez no dia? Porque sabemos que a pessoa exala isso…
Imagine daí… acredito que o que eu contei já deva explicar muita coisa.” – Expressou, Beatriz Lopes.
Já o segundo momento, foi chamado de ditadura dos cachos, onde todos as mechas tinham que estar perfeitas, tipo modelo de capa de revista, sabe?
A curvatura tinha que ser nítida, sem nenhum frizz, sem nehuma ponta dupla e neste momento o cabelo crespo foi duramente comparado aos fios cacheados – com curvaturas 2abc e 3abc.
Esse ponto de vista era completamente irreal, onde muitas vezes as mulheres de cabelo cacheado eram usadas para representar esta comunidade, novamente criando estereótipos.
“A mídia é uma forma de representatividade. É uma forma de mostrar a variedade de cabelos Crespo que existe. Sinto muita falta de mais pessoas com o cabelo Crespo nesses lugares.
Não sei o que nos espera no futuro, mas queria mais pessoas de cabelo Crespo real para falar sobre o assunto. Pois vejo muita a mídia usando pessoas cacheadas para falar pra pessoas de cabelo Crespo, e com isso vejo que muita gente não consegue se ver com o cabelo Crespo real.
Então para as pessoas amarem os seus cabelos Crespos, elas precisam ser devidamente representadas.” – Compartilhou, Ale.
Temos muito o que aprender para representar corretamente essa beleza única e a melhor forma de fazer isso é ouvindo-as. Trazendo seu ponto de vista para o centro e entendendo verdadeiramente suas necessidades.
ACOLHIMENTO INSPIRA
Passamos por diversos pontos neste Blog, a história, a atualidade e o impacto do movimento crespo compartilhado para diversas idades.
O único ponto que ainda não abordamos é “Como começar essa trajetória? ”
Para quem começou a transicionar, para quem cuida dos seus cabelos diariamente e para muitas que pensam em desistir. O manifesto é um grito de orgulho e aceitação de muitas mulheres crespas em busca de encontrar outras crespas e acolhê-las verdadeiramente.
“Comece a colocar na sua cabeça que… você precisa vestir seu cabelo todos os dias. Seja persistente e feche os olhos para opiniões alheias, siga acreditando e creditando nos seus objetivos!” – Concluiu Beatriz Lopes.
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Cada uma tem sua trajetória e passar por ela sozinha pode ser bastante doloroso. Por isso, o Beleza Natural é representatividade para todas as curvaturas.
Juntos buscamos trazer crespos reais e entregar para eles o merecido cuidado! Confere aqui todas as possibilidades.
MATÉRIAS DO BLOG
Do início ao fim temos conteúdos importantes para toda crespíssima! Abordamos o Guia da Curvatura com produtos ideais para as necessidades dos fios, Umectação, Transição Capilar e até AutoCuidado.
Toda semana, sai um conteúdo quentinho a partir das necessidades de vocês, belezetes!
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Queremos mostrar que no Beleza nenhuma mulher crespa vai estar sozinha!