Nascemos como uma folha em branco. Aos poucos conheceremos o mundo a nossa volta, o mesmo mundo que nos dirá quem somos e como devemos nos sentir, agir, nos vestir. E a construção da nossa autoestima está muito ligada ao resgate da ancestralidade através do cabelo crespo.
Durante a nossa infância não temos poder crítico o suficiente para separar e selecionar as informações que recebemos. Então, se o mundo nos transpassa com informações negativas sobre nós, simplesmente acatamos.
Todos esses ataques a nossa existência se transforma em desconforto dentro da própria pele; e insegurança de baixo do próprio cabelo, o que dificulta a construção da nossa identidade.
Mas, finalmente, um não. O não é poderoso. É transformador a primeira vez que vemos alguém dizendo não a uma investida ofensiva aos nossos cabelos. Cria-se um movimento estético e político, onde aprendemos que podemos resistir e crescer juntas, assim como nosso fio, assim como a nossa compreensão de nós mesmas.
Crescemos juntas com uma parte antes tão tímida: nosso crespinho. Ou escolhemos cortar, trançar, transformar… ousar!
O que digo se trata de poder escolher sobre si, poder mudar por escolha própria, brincar com as cores, tamanhos e possibilidades do nosso crespo, e se jogar nas diversas formas de usar o próprio cabelo, com penteados incríveis, cores diversas, formas diferentes, é olhar no espelho e ver a melhor versão de nós todos os dias e encher os olhos de alegria por se ver bem.
Beijos,